domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cirurgia de reconstrução

Estou esperando por isso desde outubro mais ou menos. E, às vezes, parece que não vai acontecer nunca!
Fiz uma mastectomia radical na mama direita e, na ocasião, foi colocado um expansor de tecidos que teria que ser enchido devagar para, aos poucos, ir expandindo a pele para a colocação da prótese definitiva.
Ok, mas nada é tão simples quanto parece.....
Primeiro tive que esperar a radioterapia acontecer. Depois, tive que esperar a pele se recuperar da radio. Em seguida, esperar pacientemente uma agulha especial chegar ao consultório para evitar qualquer acidente como furar o expansor por exemplo. Aí a agulha chegou. Mas ela foi utilizada em outra paciente. Então foi pedido uma reposição. Daí entregaram a agulha errada. No fim das contas usamos uma agulha comum mesmo e deu tudo certo!
Tinha ouvido coisas sobre o processo de encher o expansor que me deixaram um pouco receosa. Coisas como: "enchi o expansor e afundou minha costela", ou "dói muito", e ainda "cuidado porque meu expansor estourou". Cheguei a ler em outro blog sobre o sofrimento de uma pessoa que encheu o expansor em 2 semanas com 500 ml de soro. Não tive nenhum desses problemas já que essas coisas só acontecem se você quiser atropelar as coisas e fazer num tempo que seu corpo não vai responder positivamente. Como tudo, esse processo também tem seu tempo. E isso realmente é um aprendizado. Com a ansiedade sob controle já consigo ver essa reconstrução acontecendo. Amanhã vou escolher as próteses e marcar a data. 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Xeloda - Quimioterapia via oral

Quando fiquei sabendo que voltaria pra quimio, me deu um certo pânico momentâneo, vamos dizer assim. Logo comecei a questionar outras possibilidades que eu tinha visto no Dr. Google até me dar conta de que o que eu tinha era isso mesmo, pelo menos por enquanto. É que quimio assusta mesmo sabendo que vai fazer mal pra fazer bem no final das contas. A gente logo pensa no enjôo, na indisposição, na fadiga, no cabelo caindo, na mucosite, na cor "amarela pálida eu tô bem doente", na queda da imunidade.......enfim, em tudo que dói e machuca. Eu, pelo menos, me sentia frágil igual a um filhote de passarinho.
Mas o que veio foi quimioterapia via oral com o Xeloda: não cai o cabelo, não dá enjôo, nem fadiga. Pode dar mucosite, queda de imunidade e a tal síndrome mão-pé que pode causar dormência, formigamento, inchaço, dor, descamação e bolhas causando desde um desconforto até a impossibilidade de realizar atividades diárias e trabalhar. Bom, não tive nenhum efeito colateral!
Mas tive uma dor de cabeça fenomenal porque não é uma medicação coberta pelo convênio e é cara! Impossível pagar um tratamento desses por tempo indeterminado, pelo menos pra mim! Nem todo plano de saúde cobre quimioterapia via oral e, os que cobrem, normalmente não cobrem remédios importados.
Meu médico me encaminhou para um posto do SUS, o Maria Zélia na Rua Jequitinhonha número 360 no Belém. Lá é um dos lugares que se pode conseguir remédios de alto custo pelo SUS, claro que passando por uma burocracia e, ainda, somente se o pedido for aprovado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Preenchemos todos os relatórios e juntamos toda a documentação pedida e, ainda assim, meu pedido foi negado! Fiquei completamente sem chão! Ver o meu pedido negado em um telegrama sem explicação ou justificativa me deixou completamente desolada, me senti completamente abandonada pelo Estado.
Há mais ou menos 1 ano atrás, minha cunhada que é advogada tinha me mandado um link de uma matéria sobre alguns casos ganhos na Justiça contra planos de saúde que se negam a cobrir o tratamento necessário para pacientes com câncer. Por coincidência, minha cunhada me reenviou a tal matéria. Resolvi ligar e marcar uma conversa. Fui muito bem atendida e saí de lá com a certeza que não teria mais nenhum tipo de problema em relação ao meu tratamento junto ao convênio. Mas o que eu teria que pagar pra ter a garantia desse tratamento, por mais que eu ache justo, seria difícil pagar, pelo menos naquele momento. Nada resolvido.
Saí de lá e passei no meu trabalho pra conversar um pouco com o meu chefe sobre o meu retorno. E são em momentos assim, sem qualquer expectativa, que a vida dá pra gente alguns presentes. Encontrei com o dono do restaurante aonde eu trabalho e, conversa vai conversa vem, contatos conectados, em pouquíssimos dias eu já tinha uma consulta marcada no SUS. Saí de lá com o Xeloda embaixo do braço...... minhas pílulas mágicas que, devagarinho, vão levando essa doença embora.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Metástase Óssea

Fiquei um tempo sem saber o que dizer, ou como dizer, sei lá. Talvez tenha perdido o hábito de escrever por aqui. Ou talvez fosse tanta coisa acontecendo que eu nem soube por onde começar.
Acho que vou começar de onde eu parei.
Parei na minha confusão mental e emocional, parei em um turbilhão de mudanças, de idas e vindas, de tentativas e expectativas, parei na metástase óssea. Pois é, a hormonioterapia não segurou esse monstrinho que insiste em ficar me consumindo.
Meu filho tem um livro que se chama "Quando Nasce Um Monstro". Super bacana! Super recomendo! O livro começa assim:
"Quando nasce um monstro.... existem duas possibilidades - ou é um monstro DAS-FLORESTAS-DISTANTES, ou.....é um monstro DEBAIXO-DA-SUA-CAMA."
Definitivamente eu tenho um monstro debaixo da minha cama!
As tais lesões que nos assombravam desde a descoberta do tumor cresceram e se espalharam pelos meus ossos. E acabamos descobrindo que, de alguma maneira, essas células tumorais não respondem mais ao tratamento hormonal. So..... sem tratamento de segurança, voltamos uma casinha. De volta pra quimio.
Ok, vamos às boas notícias. A boa notícia é que câncer nos ossos não mata. Mas também não tem cura, cura mesmo sabe? Então o raciocínio é o seguinte segundo o Dr. Fábio: vamos pensar num pano molhado, então torcemos bem, bem mesmo, até não sair mais nada de água, nem uma gota sequer, mas ainda assim ele continua molhado, não é? Pois é, mas neste ponto paramos com a quimio. E se o pano voltar a encharcar? Quimio novamente. E a vida vai seguindo desta forma....
Estou torcendo o pano!