Estado de espírito

Depois de muuuito tempo, estou de volta por aqui! Não que eu não tivesse nada pra contar, aliás, justamente o contrário. Era tanta coisa acontecendo que eu não sabia nem por onde começar....
Estava almoçando hoje e a televisão estava ligada. Estava passando uma reprise do programa "Marília Gabriela Entrevista" com a Dra. Nise Yamaguchi, oncologista do Sírio Libanês. Em certo momento da entrevista, não quero me prender a detalhes porque a entrevista foi toda muito boa, a Dra. Nise disse que o importante é que o paciente com câncer viva no seu melhor estado! Isso, estado de espírito! Que isso ajuda na recuperação e tal, aliás, é fundamental pra recuperação. Bom, mas a questão é que isso ficou na minha cabeça. É que parece fácil, mas nem sempre é possível. Costumo dizer que este processo pra mim é um exercício de paciência, é um exercício de tentar ver sempre o melhor de tudo. Meio que ignorar o que não é legal, o que não me faz bem. Mas o problema é que como qualquer exercício, cansa! O que seria realmente legal, é que eu conseguisse transformar o que me incomoda e angustia em coisas boas que me fizessem feliz, de verdade, sem precisar fingir que elas não estão lá.

Exames de controle

Passei uma semana com uma pontinha de ansiedade constante fazendo um batalhão de exames de controle. Tomografias, cintilografia, exames de sangue, já não tinha mais lugar para agulhadas no único braço disponível.

Confesso que fico apreensiva já que não sabemos o que são aquelas lesões na coluna.

Hoje tive consulta com o Dr. Fábio. As lesões continuam lá, apesar de estarem diminuindo, o que é bom. E tenho agora a companhia de alguns cistos gigantes nos ovários, que vamos investigar. De resto, vamos à hormonioterapia por 5 anos!

Tudo caminhando bem, segundo o Dr. Fábio, o que me deixa beeeem leve, confortável, segura e tranquila!

Radioterapia parte 2

Recebi alta da Radio! Ainda faltam 2 dias para terminar, mas já passei pela avaliação médica e pronto, terminou!
O radioterapeuta me disse assim: - Fala a verdade, foi a parte mais tranquila do tratamento, não foi?
Foi sim, pra mim, pelo menos. A pele está bem vermelha e ressecada, meio ardida como quando tomamos muito sol e estou com uma queimadura bem incômoda na axila. Mas o que me impressionou e que eu não tinha percebido, é que na região próxima ao pescoço que a incidência foi frontal, a radiação atravessou o meu corpo e ficou um quadrado queimado nas costas! Mas nada sério, só me impressionou porque durante o tratamento vai ficando a sensação de que nada está acontecendo, mas está sim!
Bom, agora muito hidratante pra recuperar a pele e 6 meses sem sol. Ainda vai dar tempo de aproveitar o verão!

Radioterapia

Ah, faz tempo que eu não passo por aqui.....
Estou numa correria sem tamanho! Essa passadinha é pra falar que já estou no meio do tratamento de radioterapia.....e está tudo bem!
O chato da radio é que eu tenho que ir todo santo dia na clínica pra fazer a aplicação. Nessa brincadeira perco (ou ganho, sei lá!) pelo menos 3 horas...
Outra chatice é que o radioterapeuta faz uma marcação no corpo com uma tinta vermelha que não pode sair durante todo o tratamento. Isso mesmo, durante mais de um mês! E ainda mancha a roupa.
Ok, reações? Quase nenhuma. Só uma espécie de dor de garganta meio esquisita e a pele que escurece e resseca!
Eu ia parar o assunto por aqui, mas me lembrei de uma pessoa que conheci lá na clínica.... Eu tenho andado tão feliz com o fim do meu tratamento que, apesar de encontrar todo dia, não percebi como essa senhora está super fragilizada com a radio/recuperação da cirurgia. Tão fragilizada emocionalmente que não está conseguindo sequer levar o tratamento de radioterapia adiante! Às vezes as pessoas sinalizam claramente e a gente não percebe. Fiquei meio sem saber o que fazer! Hoje saí de lá chateada. Senti como se fosse minha mãe, uma tia ou minha sogra. Cada pessoa reage de uma forma diferente. Não, não somos todos iguais! Mas todos precisamos de carinho...

Isso é o futuro?

Achei esta notícia beeem interessante, principalmente com esse fantasma de rejeição pairando no ar....

Células-tronco podem reconstruir seios retirados

Mulheres que sofreram cirurgias de mastectomia podem logo ter uma nova opção para a cirurgia plástica de reconstrução das mamas: uma equipe de pesquisadores do Instituto de Microcirurgia Bernard O'Brien, na Austrália, está desenvolvendo uma terapia com células-tronco para que o próprio corpo trabalhe para a recuperação do seio.

De acordo com os pesquisadores, experimentos realizados com animais foram bem-sucedidos e testes em humanos começarão a ser realizados em aproximadamente três meses. Eles também acreditam que serão necessários três anos de estudos antes do desenvolvimento definitivo da técnica.

O novo procedimento é realizado com a inserção de uma peça biodegradável no peito da mulher, com o formato do seu seio natural. A peça irá conter céulas-tronco do tecido gorduroso da própria mulher, que irão crescer e recriar a gordura presente no seio feminino. Phillip Marzella, que participou do estudo, afirma que a técnica é uma opção melhor que o implante de silicone ou outras cirurgias complexas.

Os primeiros testes serão feitos com uma peça não-biodegradável, mas os pesquisadores esperam logo desenvolver uma peça biodegradável, afirma Marzella. "Assim, a gordura pode crescer dentro da peça e depois ela desaparecerá do corpo naturalmente", diz o pesquisador.

Segundo Marzella, duas abordagens foram feitas pela equipe para desenvolver a técnica. "A natureza abomina o vácuo, então como a peça é vazia, o corpo se encarrega de preenchê-la", diz. "Para a segunda abordagem nós desenvolvemos uma substância semelhante a um gel, que injetamos dentro da peça e que ajuda a estimular o crescimento", afirma o pesquisador.

Técnicas semelhantes já foram testadas para a reconstrução da bexiga, mas esta é a primeira vez que um procedimento deste tipo é desenvolvido para o seio. "Esperamos que a técnica possa ser usada em outros órgãos utilizando o mesmo princípio - uma cavidade que protege e contém células enquanto elas crescem e restauram sua função normal" afirma Marzella. "Este é um grande passo para a medicina e cirurgias de reconstrução", diz.

Atualmente, as técnicas utilizadas para a reconstrução das mamas após a mastectomia são arriscadas e complexas. Um dos métodos mais comuns usa músculos, gordura e pele do corpo da paciente para reformar o seio retirado. A cirurgia requer até um ano de recuperação e geralmente causa desconforto nas áreas de onde o músculo foi retirado, geralmente no abdome.

A opção de implantes de silicone pode causar infecções, além do risco de problemas de deslocamento do implante, que lentamente infla após alguns meses, e é diferente dos implantes usados em cirurgias cosméticas. "Certamente a nova técnica não acabará com o trauma que as pacientes sofrem com o câncer, mas poderá oferecer a elas uma alternativa e um alívio, ao saber que o seio poderá ser reconstruído", afirma Marzella.

Matéria retirada daqui.

Bom, agora é só esperar...

Rejeição....

Não, não estou me sentindo rejeitada! Eu é que estou rejeitando o meu expansor, claro que não de propósito, rsrsrsrs.
Gracinhas sem graça a parte, estou me entupindo de antibióticos e anti-inflamatórios pra tentar segurar o danado no meu corpo. E pra piorar, acho que está encapsulando. Estou sentindo que ele está preso em algumas partes. A inflamação mesmo, acho que está cedendo, mas vamos ver o que vamos conseguir....

Tilt

Fui ao meu oncologista clínico hoje, Dr. Fábio. Sabe que uma das coisas que eu mais gosto nele é que ele explica tudo tintin por tintin. Ele é direto e muito sincero e, por isso, sempre me dá sustos. Vai explicando coisas complicadas e minha cabeça desesperada começa a pifar. Aí eu entro em pânico e ele, na maior paciência do mundo continua falando até eu entender o que ele quer dizer. E daí eu relaxo, porque eu sei que estou em boas mãos.
Então hoje ele começou a me explicar o resultado do exame anatomopatológico. Foi falando do susto que ele levou quando meu outro médico anjo, o Dr. Renato, meu cirurgião, disse que quando abriu a mama a encontrou toda comprometida com um tumor beeem agressivo. Isso porque fizemos 6 sessões de quimio , a mais punk segundo o Dr. Fábio, antes da cirurgia. Agora, imagine se não tivéssemos feito!
Depois começou a me explicar porque ele não acredita que eu devo voltar pra quimio. E foi aí que eu comecei a ficar meio nervosa. Começou a me explicar alguns estudos que foram feitos na Alemanha sobre a eficácia de alguns medicamentos de quimioterapia e, de repente, eu entendi que o meu tipo de câncer por ser muito agressivo, tinha 15% de chance de cura! Aí eu pirei, comecei a chorar! E então tudo virou um blablabla sem fim, não consegui entender mais nada por alguns minutos, até que.....
Concentra, Patricia, concentra! Perguntei: 15% de chance de cura? Aí ele percebeu que eu não tinha entendido nada do que ele estava falando....
15% das pessoas que fazem somente quimioterapia obtém cura total. O restante das pessoas tem que fazer outras terapias em conjunto pra obter o mesmo resultado. Então, ele só estava querendo dizer que a quimio que eu fiz foi ótima porque me proporcionou uma cirurgia menos agressiva, mas não me curou. Que pra eu ficar curada tenho que seguir com as outras terapias necessárias. Ok, ufa, a cabeça voltou a funcionar!

She's a maniac on the floor....

Sugestão: leia o texto ouvindo a música!

Ando ansiosa demais!
Eu deveria ter passado no médico na semana passada pra dar uma olhada na cicatrização, tirar algum ponto que não caiu sozinho, coisas simples assim. Mas não fui porque o Dr. Renato não tem conseguido passar no consultório por causa de algumas cirurgias de urgência.
Mas minha ansiedade não tem nada a ver com meus pontos ou cicatrização e sim porque estou louca pra começar a fazer exercícios! Ai meu Deus, estou gorda demais! Ou inchada, whatever. Ficar em casa sem trabalhar engorda! Estou precisando dar uma movimentada, literalmente, na vida.

Divertido, vai!

Diamonds are a girl's best friend

Meus diamantes são meus novos sutiãs! Eu, que nunca liguei muito pra eles.... sempre tive peito pequeno e sempre gostei deles assim. Aliás, meus cabelos e meus seios eram as coisas que eu mais gostava em mim.....quanta ironia....é até engraçado, só pode ser piada, né?
Mas então, quando tirei aquele dreno horroroso foi tão bom que melhorou até a minha postura, e com a postura melhorada ficou mais evidente a falta que um seio faz. Fui ao shopping comprar sutiã e me dei conta de como é difícil achar um modelo confortável e que consiga, sem uma prótese externa (que é cara!), dar aquele truque! Sem contar que as vendedoras não estão preparadas para dar uma assistência assim tão específica. Tive que dar uma boa rodada até encontrar um modelo que me desse conforto e segurança e uma vendedora com sensibilidade e treinamento pra me ajudar.
Pesquisando na internet, achei essa matéria que pode ser muito útil nesse momento. Achei muito interessante e senti na pele a necessidade desse tipo de ajuda.

Nunca pensei que ficaria tão feliz em usar esse tipo de sutiã "engana todo mundo inclusive a mim mesma". E viva a indústria de lingerie!

Sofrer pra quê, sofrer por que?

Cassio, amigo querido, querido mesmo, me sugeriu:

- Coloca uma foto sua assim lá no blog!

Traduzindo: colocar uma foto minha assim significa eu de pijama, com um dreno pendurado no pescoço, tentando fazer os exercícios recomendados pela fisioterapeuta e, segundo ele, ainda conseguindo dar risada! Acho que a foto não vai rolar não, mas eu achei a situação divertida.

Na verdade, eu achei que sofreria muito com toda essa coisa de mastectomia. É claro que é difícil lidar num primeiro momento, mas a sensação que eu tenho é exatamente oposta. Fico muito feliz porque eu não tenho mais câncer, um alívio por estar curada. O que vem a seguir, o resto do tratamento, seja radio ou quimio novamente, ou os dois é só pra assegurar que tudo vai ficar bem. E a reconstrução ,veja bem, vai me dar uma seio novo do jeitinho e tamanho que eu quiser!

So, that's it, sofrer pra quê?

De volta pra casa

Cheguei hoje do hospital. Pedi, pedi, pedi pro Dr. Renato me deixar voltar pra casa. Ficar lá, por um lado , parece mais confortável, mas nenhum lugar é como a casa da gente. Nada é melhor do que ficar perto do Dan, do Tuquinho, da minha mãe....

A cirurgia foi ótima do ponto de vista clínico/cirúrgico, rsrsrsrs, foi-se o tumor! Mas foi embora também meu seio. Todinho ele. Pele, recheio, mamilo..... tudinho embora. Eu sabia que existia essa possibilidade e imaginava como seria. Sabia que eu só tomaria conhecimento quando acordasse da cirurgia, sabia que eu ia chorar e chorei, sei que ainda vou chorar algumas vezes, mas sei que logo, logo, vai acabar.

Sim, sim, sim.... um passo adiante!

Ufa, que susto! Nada de mestástase! Eu estava me sentindo com um peso de mil toneladas nas costas. Valeu a pena pagar uma pequena fortuna neste tal exame PET CT que, aliás, não é qualquer laboratório que faz e quase nenhum convênio paga.
Espero que ninguém precise, mas se precisar, os endereços dos lugares que fazem esse exame estão aqui.
Que venha a cirurgia!
Não que eu esteja super feliz de fazer uma mastectomia, mas é mais um passo adiante.....

As coisas não terminam bem do jeito que a gente quer

Pois é, achei que tinha terminado essa fase, mas estou pendurada esperando uma resposta, um diagnóstico. Acontece que as coisas não funcionam bem do jeitinho que a gente quer, não é? Vou explicar!
Depois da minha última quimio, eu tive que refazer todos os exames: tomografias e ressonancias e cintilografias e exames de sangue! Tudo pra saber como o tratamento tinha agido sobre o tumor e se nós conseguiríamos fazer a tão esperada cirurgia. Os resultados da maioria dos exames foram ótimos. O tumor praticamente desapareceu! Lindo, quanta alegria! Mas um dos exames nos deu um resultado péssimo: mestástase na coluna! Ai que merda! Desculpem, mas me dou essa liberdade.
Olha, confesso que apesar de ter ficado em pânico com a notícia, e passado o susto, não acredito nisso. Não acredito mesmo! Depois de 6 sessões de quimioterapia, o tumor que tinha quase 6 cm, tem hoje 0,6cm e está praticamente imperceptível. Os marcadores tumorais estão em níveis normais. Nada apareceu na cintilografia óssea. Mas tem uma merda de uma tomografia que afirma uma mestástase. Pode? Meu médico diz que acha impossível. Resultado errado da tomografia? Bem possível. Mas e se for verdade? Nem pensei nisso.... Uma das coisas que eu tenho aprendido com essa doença é não sofrer antecipadamente. Vamos lá, um dia de cada vez!
Próximo passo: ficar esperando o resultado de um exame carésimo e ultra sofisticado que pode, ou não, me responder se vou dar um passo pra frente ou recomeçar.

Agora foi !

Agora foi, fiz minha última quimio. Até chorei de alegria!
Conversando com meu médico sobre tratamentos alternativos pra aliviar alguns sintomas, ele me disse o seguinte: ah, claro que ajuda, inclusive estudos feitos utilizando placebos aliviam os sintomas! Risadas a parte, o que ficou pra mim é que o que pode melhorar tudo é a nossa cabeça, é acreditar que tudo vai ficar cada vez melhor! Nesta última aplicação acabei não tomando um remédio que estava aliviando muito os efeitos da quimio, mas acho que estou tão feliz que não estou sentindo efeito algum. Estou cheia de energia, quase explodindo de alegria!

Fim da etapa 1 ?

Me parece, e eu sigo firme acreditando verdadeiramente até que me provem o contrário, que estou chegando ao fim da primeira etapa. Falta só mais uma quimio, graças!
Sabe que depois de muito sufoco, a gente acaba se acostumando. Não que eu vá sentir falta, não vou! Mas já sei o que acontece no primeiro dia pós quimio, no quinto dia, no décimo quarto, e já conheço bem minha ansiedade e mal humor nos dias que antecedem minha próxima aplicação. Estou até me acostumando com a minha imagem no espelho! Já não sonho mais comigo com cabelos, agora quando penso em mim já me vejo sem eles, já me enxergo careca. Nos acostumamos a tudo, das pequenas coisas às grandes. Da queda dos cabelos às dores, inchaços, enjôos, fadiga, e à cabeça confusa como se eu não estivesse aqui, como se eu estivesse suspensa, no ar, como uma pipa. Aos poucos, eu mesma me puxo de volta.